Não faz 10 dias, a Frente Ampla, Democrática e Trabalhista divulgou a relação de 14 nomes, indicados pelos seis partidos que a compõem, encarregados da elaboração do Plano de Governo a ser apresentado ao eleitorado santa-mariense. Da lista, três são do PTB, inclusive seu presidente, Jair Binotto, e os dirigentes Renan Berleze e Larissa Piolti.
Logo depois dessa informação, porém, surgiu a notícia de que o petebismo estava, veja só, desembarcando da aliança. E se transformando, na prática, no problema do momento deste grupo iniciado pelo PDT, ao qual se agregaram, primeiro justamente o PTB, e depois PC do B e PSB, por ordem cronológica.
O fato é que, no preciso momento em que esta página foi escrita, ninguém mais acreditava que a Frente pudesse manter o petebismo, que estaria se dividindo entre uma possível adesão ao conglomerado eleitoral liderado por Sérgio Cechin (PP) e Francisco Harrisson (MDB).
Aliás, postagem no Facebook, na terça-feira, do vereador e principal nome do partido na cidade, vereador Ovídio Mayer, indicava justamente este caminho - embora existam os interessados em aderir ao governismo representado por Jorge Pozzobom. Só o que ninguém mais admitia era a continuidade da agremiação no apoio à dobradinha Marcelo Bisogno/Fabiano Pereira (ou vice-versa).
O fato é que a iminente deserção petebista torna-se o mais recente, e talvez nem o mais grave, problema a ser resolvido pelos frentistas. Que, se diga, esforçam-se bastante (e é assim na política) para manter muito viva a chama da competitividade.
Já houve saídas. As dos pequenos Avante e PROS foram alguma delas. Já devidamente reposta com a chegada dos também menores Rede Sustentabilidade e Partido Verde. Sem grandes estremecimentos, que se diga.
Mas a retirada do PTB, que ajuda a sustentar inclusive o nome do agrupamento, em vias de se confirmar, é muito mais sentida. Pela quantidade de filiados que ostenta e, talvez, principalmente, pela simbologia. E terá que ser rapidamente assimilada, antes de se enfrentado aquele que talvez seja o maior desafio interno entre todos: a definição do cabeça da chapa.
Fonte graúda do grupo não cansa de dizer que esse é um "problema muito mais de fora do que dentro" - onde estaria tudo tranquilo, inclusive com critério de escolha bem definido, qual seja pesquisas que indicariam quem, entre Bisogno e Fabiano, estaria em melhores condições de enfrentar a disputa.
A questão é que, inclusive pela natureza (e isso é um elogio, que ninguém pense o oposto) briguenta dos dois protagonistas, fica difícil imaginar que um possa demonstrar inusitada humildade e aceitar ser o segundo do outro. Ou o contrário. Mas essa é uma situação a ser resolvida adiante. Agora, a demanda do momento, é o PTB. E não é pequena, como se vê.
As "lives" tomaram conta da pré-campanha
Semana sim, semana também, o deputado estadual petista Valdeci Oliveira faz uma "live" no Facebook. De dois ou três meses para cá, a ele faz companhia o vereador Luciano Guerra, pré-candidato do PT à prefeitura, em dobradinha com o PSD de Marion Mortari. Os assuntos, com os convidados, são variados, mas de uma maneira geral conduzidos para a discussão sobre Santa Maria.
Que se diga, ainda que noutro formato, os vídeos curtos e não exatamente "lives", embora recentemente elas também tenham sido incorporadas, foram inaugurados na cidade pelo prefeito Jorge Pozzobom, até outro dia acompanhado de seu vice, Sérgio Cechin. Agora, é um para cada lado, mas também o pepista tem aparecido nas redes sociais em imagem e som.
Novidade é a inauguração do modelo, em que ambos estão sempre presentes, pela Frente Ampla Trabalhista. Sim, Fabiano Pereira e Marcelo Bisogno tem aparecido, faz duas semanas, em debates com especialistas, para tratar, claro, de questões santa-marienses. Da primeira vez, inclusive, ladeados de outro grandão da aliança, Werner Rempel, do PC do B.
Enfim, nos seus formatos diversos, o fato é que as "lives" pela internet viraram febre entre pré-candidatos. E, cá entre nós, nesses tempos pandêmicos, talvez sejam a forma mais eficiente (para não dizer a única) de buscar apoio popular. Ainda que, é importante salientar, tirantes os que veem por obrigação (inclui-se aí assessores, CCs e a imprensa), há dúvida sobre se o método também convença outros eleitores.
O fato é que a situação objetiva impõe a busca de um novo jeito de falar com a população. E, que se diga, o pessoal está se virando como pode.
O PSL, seu cacife e os interessados em "pescá-lo"
A expressão não é do colunista, que, porém, a adota: o "PSL ainda está boiando por aí" - falou articulador de uma das frentes em formação para a disputa do pleito de outubro (ou novembro ou dezembro).
Sim, o ex-partido do presidente Jair Bolsonaro está "solto", sem uma definição clara do que fará em Santa Maria. Exceto, certamente, que não apoiará (nem o querem, que se diga) a chapa petista/pessedista de Luciano Guerra/Marion Mortari.
Mas os outros concorrentes, em menor grau a Frente Trabalhista, trabalham duramente para conquistar a chancela, inclusive econômica (por sua fatia pra lá de bojuda no Fundo Eleitoral), dos pesselistas. Ninguém conta com a certeza absoluta. Até porque, pelo sabido, o presidente Eloi Irigarai (foto), advogado e produtor rural, nada definiu com seus pares. Sem falar que a questão eleitoral também passa pelo Diretório Regional da sigla.
De todo modo, pelo perfil ideológico da agremiação - hoje muito mais interessada em fortalecer a nominata à Câmara de Vereadores e sem intenção de disputa majoritária - pode-se afirmar que tanto a dobradinha Sérgio Cechin/Francisco Harrisson (mais?) quanto a aliança Jorge Pozzobom/Rodrigo Menna Barreto (menos?) têm lá seus trunfos para convencer os líderes do PSL.
LUNETA
E O TROCO?
O choro só cresce. Se, em condições normais, o financiamento das campanhas para a vereança dependeriam, sobretudo, do bolso do próprio candidato, a pandemia complicou ainda mais. A falta de troco é evidente, e esta é a principal razão por que muitos já apostem na redução da lista de concorrentes. Se antes jogava-se na casa dos 400 pretendentes, agora, embora ainda elevado, o número caiu para 300. Se tanto.
O CAMPO
Fator decisivo para que os tucanos prefiram Rodrigo Menna Barreto, do DEM, para compor a chapa com Jorge Pozzobom, afora as qualidades políticas, é a sua grande ligação dele com o campo. Não só por ter sido 11 anos secretário de Desenvolvimento Rural, mas também por ter sua vida lá. Isso neutraliza o que seria vantagem do PP, sempre articulado no interior, e da aliança "distrital" do PT, com Luciano Guerra e Marion Mortari (PSD).
INSISTÊNCIA
Pela terceira vez, o PT tenta aprovar na Câmara projeto que proíbe o prefeito de inaugurar obras inacabadas. Agora, iniciativa é consorciada (e não há coincidência nisso) entre Luciano Guerra e Marion Mortari (PSD). Antes foram, sozinhos, Daniel Diniz e o mesmo Guerra. A proposta é inconstitucional. Sem falar que a lei eleitoral já proíbe candidatos em inauguração de obras concluídas ou não. Então...
VETERANO
Pelo menos um de antanho volta a concorrer à vereança. E com toda a disposição, anunciou ao escriba. Trata-se de Luiz Carlos Druzian, hoje filiado ao Partido Liberal. Ele, que faz a campanha como pode, nesses tempos pandêmicos, mas já é bastante conhecido, pretende ser o candidato do esporte e da terceira idade - setores subrepresentados, segundo diz.
PARA FECHAR!
Sim, o petebismo santa-mariense está trocando de âncora eleitoral. Percebe mais chances de reeleger seu vereador, Ovídio Mayer (foto), ao apoiar outro grupo, muito provavelmente PP/PMDB, do que com a Frente conduzida por PDT e PSB. De um fato, porém, o PTB não escapará: ficando onde está ou aderindo a outro grupo, continuará sendo secundário na coligação.